O vale do terror – Segunda parte, Capítulo 1

Arthur Conan DoyleO vale do terror

Segunda parte: Os vingadores

Título original: The Valley of Fear
Publicado em The Strand Magazine, Londres, 1914-15.

Sobre o texto em português:
Este texto digital reproduz a
tradução de The Valley of Fear publicado em
As Aventuras de Sherlock Holmes, Volume VI,
editado pelo Círculo do Livro
e com tradução de Lígia Junqueiro.

Capítulo primeiro: O homem

Era o dia 4 de fevereiro do ano de 1875. O inverno havia sido duríssimo e a neve ainda se acumulava nos desfiladeiros das montanhas de Gilmerton. A linha férrea achava-se, no entanto, desimpedida, e o trem da tarde, que liga a extensa série de aldeias de minas de carvão e ferro, subia lentamente, rangendo e bufando, pêlos íngremes planos inclinados que conduzem de Stagville, ao longo da planície, até Vermissa, distrito central situado na embocadura do vale Vermissa. A partir desse ponto, a via férrea descreve uma curva para baixo, na direção de Barton’s Crossing, Helmdale, e da região essencialmente agrícola de Merton. A via era constituída por uma linha única, mas em cada desvio, e havia-os em grande número, longas fileiras de vagões, abarrotados de carvão e de minério de ferro, revelavam a riqueza oculta, que atraíra uma população rude e trouxera uma vida movimentada a esse canto desolado dos Estados Unidos da América.

E desolado era de fato. Mal podia imaginar, o primeiro homem que o atravessou, que os mais férteis prados e as mais densas pastagens ficariam sem valor comparados com essa terra sombria de penhascos negros e emaranhada floresta. Acima dos bosques escuros e muitas vezes impenetráveis que o flanqueavam, os cumes altos e escalvados das montanhas, recobertos de neve ou deixando ver a rocha denteada, elevavam-se de ambos os lados, formando no centro um vale longo, serpenteante e tortuoso. Era por esse vale acima que o trem seguia vagarosamente.

As lâmpadas a óleo acabavam de ser acesas no vagão de passageiros da frente, um carro longo e simples, onde se encontravam sentadas vinte ou trinta pessoas, a maior parte das quais trabalhadores que regressavam da labuta cotidiana na parte inferior do vale. Pelo menos uma dúzia destes, com os rostos encardidos e lanternas de segurança nas mãos, revelavam sua profissão de mineiros. Formavam um grupo, fumando e conversando em voz baixa, lançando de vez em quando uma olhadela para dois homens que se encontravam do lado oposto do vagão e cujos uniformes e distintivos indicavam tratar-se de policiais. Algumas mulheres da classe operária e um ou dois viajantes, provavelmente pequenos lojistas, constituíam o restante da companhia, com exceção de um jovem, sentado a um canto, sozinho. É desse homem que vamos tratar. Olhem bem para ele, pois vale a pena.

É um rapaz de compleição robusta, de estatura mediana, que faz supor não estar longe dos seus trinta anos. Possui olhos grandes, cinzentos, astutos e irônicos, que piscam inquiridoramente cada vez que ele fixa, através dos óculos, as pessoas em redor. É fácil notar que se trata de uma pessoa de caráter sociável e possivelmente simples, desejosa de se tornar amiga de todos. Qualquer um poderia imaginá-lo, ao mesmo tempo, gregário nos seus hábitos e comunicativo por natureza, de inteligência viva e sorriso fácil. E, todavia, quem o estudasse mais atentamente adivinharia nele certa firmeza no queixo e uma obstinada tensão dos lábios, que o poria de sobreaviso contra insondáveis abismos e lhe diria que esse agradável moço irlandês, de cabelos castanhos, podia, sem a menor dificuldade, deixar o seu cunho, para bem ou para mal, em qualquer sociedade onde fosse introduzido.

Depois de ter tentado, por uma ou duas vezes, entabular conversa com o mineiro mais próximo e ter recebido em troca respostas curtas e descorteses, o viajante resignou-se, contra a sua vontade, ao silêncio e pôs-se a olhar melancolicamente, através da janela, a paisagem indistinta. Não era, por certo, uma perspectiva consoladora. Por entre a obscuridade crescente, tremeluzia o clarão rubro das fornalhas disseminadas pêlos flancos das colinas. Enormes montes de escória e depósitos de resíduos de carvão surgiam de cada lado, dominados pelas altas torres das escavações das minas. Grupos irregulares de miseráveis casas de madeira, cujas janelas começavam a iluminar-se, espalhavam-se aqui e ali ao longo da linha, e os freqüentes pontos de parada achavam-se repletos dos seus tisnados habitantes. Os vales ricos de ferro e carvão da zona de Vermissa não eram, certamente, lugares freqüentados por desocupados ou intelectuais. Por toda parte se viam sinais indiscutíveis da mais brutal luta pela vida, de um trabalho penoso e dos trabalhadores rudes e fortes que o executavam.

O jovem viajante contemplava aquela paisagem desoladora com a fisionomia mesclada de repugnância e interesse, o que revelava ser esse ambiente novo para ele. A intervalos, tirava do bolso uma carta volumosa, que consultava, e em cujas margens fazia anotações. Em certo momento, sacou do bolso traseiro algo que dificilmente se poderia esperar ver em poder de um homem de aparência tão correia: um revólver da marinha, de grande calibre. Ao virá-lo para a luz, o brilho da extremidade dos cartuchos de cobre, dentro do tambor, indicou que a arma estava com a carga completa. O jovem repôs imediatamente o revólver no bolso, não, todavia, sem que seu gesto tivesse sido observado por um homem sentado no banco vizinho.

— Puxa, amigo! — exclamou aquele. — Parece disposto a tudo.

O jovem sorriu com ar embaraçado.

— Sim — replicou. — Por vezes temos necessidade disto no lugar de onde venho.

— E de onde vem?

— Estive ultimamente em Chicago.

— É desconhecido nestas paragens?

— Sim.

— Talvez venha a ter necessidade dele aqui — disse o operário.

— Ah! É mesmo? — proferiu o rapaz, interessado.

— Ainda não ouviu falar do que tem acontecido por aqui?

— Não; em nada de extraordinário.

— É incrível! Julgava que todo o país soubesse… Em breve estará a par de tudo. O que o trouxe aqui?

— Disseram-me que nestes lugares existe sempre trabalho para um homem de boa vontade.

— Pertence ao Sindicato dos Trabalhadores?

— Certamente.

— Então encontrará logo com que se ocupar, penso eu. Tem amigos?

— Ainda não, mas tenho possibilidade de arranjar.

— De que modo?

— Faço parte da Antiga Ordem dos Homens Livres. Não há cidade onde não exista uma loja, e onde existe uma loja encontro sempre algum amigo.

Essa observação produziu no seu companheiro um efeito singular. Lançou às outras pessoas que se encontravam no compartimento um olhar receoso. Os mineiros ainda conversavam em voz baixa. Os dois policiais dormitavam. O homem aproximou-se, sentou-se ao lado do jovem viajante e estendeu-lhe a mão.

— Toque aqui.

Ambos trocaram um forte aperto de mão.

— Vejo que diz a verdade, no entanto é melhor certificar-me.

Levantou a mão direita à altura da sobrancelha direita. Imediatamente, o viajante ergueu a mão esquerda até a sobrancelha esquerda.

— As noites escuras são desagradáveis — disse o operário.

— Sim, para pessoas estranhas viajarem — respondeu o outro.

— Isso basta. Sou o irmão Scanian, da Loja 341, do vale Vermissa. Muito prazer em vê-lo por estas bandas.

— Obrigado. E eu sou o irmão John McMurdo, da Loja 29, de Chicago. Grão-mestre, J. H. Scott; mas, na verdade, é grande sorte a minha encontrar-me tão cedo com um irmão.

— Oh! Existem muitos por aqui. Você não encontrará, em parte alguma dos Estados Unidos, a nossa ordem mais próspera do que no vale Vermissa. Todavia, temos necessidade de rapazes como você. Não posso é compreender por que, pertencendo ao Sindicato dos Trabalhadores, não conseguiu arranjar trabalho em Chicago.

— Trabalho encontrei muito — retorquiu McMurdo.

— Então, por que saiu de lá?

McMurdo indicou os policiais com um sinal de cabeça, e sorriu.

— Creio que aqueles camaradas gostariam de saber — observou.

Scanian soltou um grunhido de compreensão.

— Está em apuros? — perguntou num sussurro.

— Nem queira saber!

— Caso de penitenciária?

— E tudo o mais.

— Algum crime de morte?

— É ainda muito cedo para falar de tais coisas — disse McMurdo, com ar de quem se surpreendeu a dizer mais do que pretendia. — Tive bons motivos para abandonar Chicago, e por enquanto contente-se com isso. Quem é você para se arrogar o direito de me fazer tais perguntas?

Seus olhos cinzentos lampejaram subitamente, por trás dos óculos, num perigoso assomo de cólera.

— Está bem, amigo. Não tencionava ofendê-lo. Os rapazes não pensarão o pior de você, seja o que for que tenha feito. Para onde vai?

— Vermissa.

— É a terceira parada ao longo da linha. Onde vai hospedar-se?

McMurdo extraiu do bolso um envelope e aproximou-o da luz frouxa da lâmpada a óleo.

— Aqui está o endereço: Jacob Shafter, Sheridan Street. É uma pensão que me foi recomendada por um conhecido meu de Chicago.

— Não a conheço, mas Vermissa está fora da minha zona. Moro em Hobson’s Patch, que é onde vamos parar agora. Contudo, aceite um conselho antes de nos separarmos. Se algum dia se meter em complicações em Vermissa, corra logo à sede do sindicato e procure o chefe McGinty. Ele é o grão-mestre da Loja de Vermissa, e nada sucede nestas bandas a menos que Jack McGinty, o Negro, o ordene. Até a vista, amigo. Talvez nos encontremos na loja qualquer noite destas. Lembre-se, porém, das minhas palavras: se se encontrar em apuros, procure o chefe McGinty.

Scanian desceu do trem, e McMurdo viu-se entregue, mais uma vez, aos seus pensamentos. Já era noite escura, e as chamas das numerosas fornalhas crepitavam e subiam para o ar no meio das trevas. Sobre o seu fundo soturno, sombras escuras baixavam, retesando-se, retorcendo-se e girando com o movimento de guinchos ou guindastes, ao ritmo de um estrondo e de um fragor eternos.

— Creio que o inferno deve ser mais ou menos assim — disse uma voz.

McMurdo voltou-se e viu que um dos policiais se movera no seu lugar e contemplava a desolação flamejante.

— Quanto a isso — comentou o outro policial —, acho que o inferno deve ser qualquer coisa desse gênero. Se no outro mundo se encontram diabos piores do que alguns que podemos nomear, não sei dizer. Calculo que seja novo nesta zona, hein, rapaz?

— E que importa isso? — retrucou McMurdo, com voz insolente.

— Apenas isto, meu caro: aconselho-o a ser cuidadoso na escolha de seus amigos. Se eu fosse você, penso que não iria começar por Mike Scanian ou pela sua seita.

— E a você o que lhe interessa, com mil diabos, quais sejam os meus amigos? — bradou McMurdo, num tom que fez com que todos quantos se encontravam na carruagem voltassem a cabeça para apreciar a discussão. — Pedi, por acaso, os seus conselhos, ou julga-me tão idiota a ponto de não poder dar um passo sem eles? Fale apenas quando lhe dirigirem a palavra, e, por Deus, se espera isso de mim, é melhor desistir!

Avançou o rosto na direção dos dois policiais e arreganhou-lhes os dentes como um cão raivoso.

Os detentores da ordem, dois homens um tanto broncos mas de bom gênio, ficaram estarrecidos com o ímpeto de violência que as suas palavras amigas haviam provocado.

— Não queríamos ofendê-lo, forasteiro… — disse um deles. — Avisamos com a melhor das intenções, pois, pela sua aparência, vimos que era novo nestes lugares.

— Sou novo nesta terra, mas não sou novo para você e para os da sua laia — vociferou McMurdo, colérico. — Acho que vocês são todos iguais, em qualquer parte, sempre prontos a meter o nariz onde não devem.

— Quem sabe se em breve não nos teremos de haver com você? — observou um dos policiais sorrindo. — Você é um tipo bem-apanhado, se não me engano.

— É o que também penso — acrescentou o outro. — Creio que nos iremos encontrar novamente.

— Não tenho medo de vocês, e não julguem que pretendo me esconder — gritou McMurdo. — Meu nome é McMurdo, ouviram? Se precisarem de mim, podem procurar-me na pensão de Jacob Shafter, na Sheridan Street, Vermissa; vêem, portanto, que não me escondo. De noite ou de dia, não temo defrontar-me com gente da espécie de vocês. Não tenham ilusões a esse respeito.

Ergueu-se entre os mineiros um murmúrio de simpatia e admiração pela atitude desassombrada do recém-chegado, enquanto os dois policiais encolhiam os ombros e retomavam a conversa interrompida. Poucos minutos depois o trem entrava na estação mal-iluminada, e houve um desembarque geral, pois Vermissa era, sem dúvida, a cidadezinha mais importante da linha. McMurdo pegou a mochila de couro e ia afastar-se na escuridão quando se aproximou dele um mineiro.

— Com os diabos, amigo, você sabe falar com os guardas — principiou com voz tímida. — Valeu a pena ouvi-lo! Deixe-me levar-lhe a mochila e mostrar-lhe o caminho. Para chegar à minha cabana tenho de passar pela pensão de Shafter.

Da parte dos outros mineiros elevou-se um coro amigável de boas-noites. Antes mesmo de pôr o pé na cidade, McMurdo, o turbulento, tornara-se uma personalidade importante em Vermissa.

Se toda a região tinha aspecto horroroso, a cidadezinha era, a seu modo, talvez ainda mais deprimente. Ao longo daquele extenso vale havia pelo menos certa grandiosidade tétrica emanada das imensas fogueiras e das nuvens flutuantes de fumaça, ao passo que a força e a diligência do homem encontrava dignos monumentos nas colinas de que ele, com as suas monstruosas escavações, havia derrubado os flancos. A cidadezinha, no entanto, apresentava uma triste uniformidade de miserável fealdade e imundície. A rua principal ficara reduzida, devido ao tráfego, a uma massa repugnante de neve e lama. As calçadas eram estreitas e desiguais. Os inúmeros lampiões de gás serviam tão-somente para pôr em maior evidência uma longa fila de casas de madeira, cada qual com a sua varanda malcuidada e suja, de frente para a rua. Ao passo que eles se aproximavam do centro da cidade, a cena era alegrada por uma sucessão de lojas bem-iluminadas e, sobretudo, por uma infinidade de bares e casas de jogo, nas quais os mineiros gastavam os seus salários, ganhos arduamente, mas pagos com generosidade.

— Esta é a sede do sindicato — explicou o guia, indicando um bar, que se elevava quase à dignidade de uma hospedaria. — Jack McGinty, ali, é o chefe.

— Que espécie de homem é ele? — indagou McMurdo.

— Como? Nunca ouviu falar do chefe?

— De que maneira podia conhecê-lo se sou novo nesta região?

— Bem, julgava que o nome dele fosse conhecido em todo o país. Os jornais têm falado muitas vezes nele.

— E por quê?

— Ora — o mineiro baixou a voz —, por causa daqueles negócios.

— Que negócios?

— Santo Deus!, amigo, você é um fenômeno, se me permite dizê-lo sem ofensa. Aqui não se fala de outros negócios que não sejam os dos Vingadores.

— Sim, parece-me já ter lido qualquer coisa a respeito dos Vingadores, em Chicago. Um bando de assassinos, não é verdade?

— Fale baixo, se tem amor à vida! — exclamou o mineiro, parando alarmado e fitando aturdido o companheiro.— Homem, você não viverá muito tempo aqui se continuar a falar desse modo na rua. Muitos já levaram o diabo por muito menos.

— Bem, não sei nada de suas atividades, É apenas o que tenho lido.

— E não digo que o que você leu não seja verdade.

À medida que falava, o homem olhava nervosamente em torno de si, perscrutando as trevas como se temesse a ameaça de qualquer perigo.

— Se matar é crime — continuou ele —, então Deus sabe que há crimes em demasia. Contudo, não se arrisque a pronunciar o nome de Jack McGinty com relação a eles, forasteiro, porque lhe contam tudo quanto se murmura aqui, e ele não é pessoa para deixar passar ofensas em branco. Mas aquela é a casa que você procura… ali, um pouco afastada da rua. Verá que o velho Jacob Shafter, o proprietário, é um dos homens mais honestos desta cidade.

— Obrigado — disse McMurdo; e, apertando a mão do seu novo conhecido, encaminhou-se vagarosamente, com a mochila na mão, para o atalho que conduzia à habitação, a cuja porta bateu com firmeza. Ela foi imediatamente aberta por alguém muito diferente do que ele esperava.

Era uma mulher jovem e extraordinariamente bela, do tipo sueco, de cabelos louros, que contrastavam de forma chocante com os lindos olhos escuros, os quais inspecionaram o estranho, demonstrando surpresa e agradável perturbação, que trouxeram uma onda de rubor ao seu rosto pálido. Emoldurada na luz viva da porta aberta, pareceu a McMurdo que jamais vira imagem tão graciosa, tanto mais atraente pelo contraste com o ambiente sórdido e triste que a circundava. Uma encantadora violeta, brotada num daqueles montes de detritos das minas, não lhe teria provocado maior espanto. Tão enlevado estava ele, que se deixou ficar à porta, sem dizer palavra, e foi ela quem quebrou o silêncio.

— Julguei que fosse meu pai — explicou a jovem, com um leve e agradável sotaque sueco. — Veio vê-lo? Ele está na cidade, mas espero que volte dentro em pouco.

McMurdo continuava a fixá-la, sem tentar esconder sua admiração, até que os olhos da jovem baixaram, confusos, diante do visitante obstinado.

— Não — respondeu finalmente —, não tenho pressa de ver seu pai, mas sua casa me foi recomendada como pensão. Julguei que me servisse; agora, porém, tenho certeza.

— O senhor é rápido nas suas decisões — disse ela sorrindo.

— Qualquer um, a não ser que fosse cego, faria o mesmo — replicou McMurdo.

Ela riu do cumprimento.

— Em vista disso, entre, meu senhor — convidou ela. — Sou Ettie Shafter, filha do sr. Shafter. Minha mãe faleceu, e eu tomo conta da casa. Pode se sentar junto à lareira, na sala da frente, até meu pai chegar. Ah!, ele já está aí; pode, portanto, combinar tudo diretamente com ele. Um ancião, cheio de corpo, avançava lentamente pelo atalho. Em poucas palavras, McMurdo explicou a sua presença. Certo Murphy lhe havia dado o endereço, em Chicago, e, por sua vez, recebera-o de outra pessoa. O velho Shafter concordou prontamente. O estranho não discutiu condições, conformou-se com todas as imposições, tanto mais que, pelo menos aparentemente, dava mostras de estar cheio de dinheiro. A doze dólares por semana pagos adiantadamente, teria cama e comida. E foi assim que McMurdo, que se confessava fugido da justiça, passou a residir sob o teto dos Shafters, dando o primeiro passo na senda da longa e tenebrosa série de ocorrências que iriam terminar numa terra longínqua.

Primeira Parte
A Tregédia de Birlstone

Capítulo 1 – O aviso § Capítulo 2 – Sherlock Holmes discorre
Capítulo 3 – A Tragédia de Birlstone § Capítulo 4 – Trevas
Capítulo 5 – As personagens do drama § Capítulo 6 – Um réstia de luz
Capítulo 7 – A solução

Segunda Parte
Os Vingadores

Capítulo 1 – O homem § Capítulo 2 – O grão-mestre
Capítulo 3 – Loja 341, Vermissa § Capítulo 4 – O vale do terror
Capítulo 5 – A hora mais negra § Capítulo 6 – Perigo
Capítulo 7 – Birdy Edwards na ratoeira

Epílogo

Ilustrações: Frank Wiles, cortesia The Camden House
Transcrição: Mundo Sherlock